texto originalmente postado em 365 filmes de horror
As fitas de Poughkeepsie - The Poughkeepsie tapes (2007)
‘As fitas de Poughkeepsie’ é um daqueles filmes amaldiçoados que, quando termina, você precisa passar pelo menos uma hora vendo vídeos de gatinhos fofos e deseja muito poder desver o que viu. Dado o alerta, que continue quem tiver coragem (ou se odiar consideravelmente).
Ele é gravado em estilo de falso documentário e tem sua grande reviravolta da trama no found footage (gênero que explora as “filmagens encontradas”) e na cultura dos filmes snuff (filmes que mostram mortes reais com o propósito de distribuição). Durante o filme, acompanhamos as investigações em torno de um assassino em série que agiu por uma década nos entornos da cidade de Poughkeepsie, Nova Iorque. Somos conduzidos através de entrevistas com membros da polícia e parentes das vítimas, além de muito material gráfico tirado das centenas de fitas que foram encontradas e registram horas e horas do trabalho minucioso, degradante e horroroso do criminoso, e que deram novo fôlego para as investigações.
A partir daqui, algumas coisas podem ser consideradas spoilers, então vai com cuidado! E se você for assistir ao filme antes de terminar de ler, deixo aqui o alerta para muitos temas sensíveis e gatilhos, realmente não é fácil de ver.
As fitas encontradas em uma casa abandonada mostram os sequestros, abusos e torturas a que as vítimas são submetidas, e suas mortes. Através delas, podemos acompanhar como o assassino age, a sua evolução sádica e, devido a grande notoriedade que os crimes começam a ter, a mudança do modus operandi (a dinâmica específica para a realização do crime, como a assinatura pessoal de cada assassino) de vítimas de baixo risco escolhidas em situações que facilitaram a ação do criminoso, para vítimas de alto risco, abordando profissionais do sexo enquanto se passsava por policial.
Após a execução da pena de morte de um agente da polícia que foi condenado pelos assassinatos, um mapa é deixado na caixa de correio do seu parceiro e leva até outro corpo (aqui tem uma trama a parte para que essa condenação ocorra e também suas consequências para a família do oficial), mostrando que o assassino fez mais vítimas do que as que foram filmadas.
Uma das vítimas, e a que acompanhamos mais de perto, é a adolescente Cheryl. Após ser sequestrada de dentro da sua casa, com todo o processo devidamente filmado pelo maníaco, ela acaba presa no porão da casa dele, onde passa pelas mais horrendas torturas e violações (tudo mostrado através das fitas). Após analisar o mapa, a polícia consegue resgatar Cheryl, mas não encontra o assassino.
A partir daqui, o filme muda um pouco de rumo e começamos a acompanhar Cheryl tentando retomar a sua vida, precisando lidar com todas as consequências físicas e emocionais do tempo em que passou sequestrada. A maior batalha dela é contra o condicionamento a que foi submetida pelo sequestrador, que faz com que ela se identifique com ele e tenha certeza de que eles tem um laço de amor. Existe um caso real muito semelhante ao de Cheryl, o sequestro de Collen Stan, que passou sete anos sendo torturada e condicionada em uma caixa no porão dos sequestradores, se alguém aqui tiver interesse em pesquisar.
As fitas de Poughkeepsie é um daqueles filmes que tem toda uma história além do filme em si, com várias referências a banimentos e confusões do público sobre a veracidade do que foi mostrado. Na minha opinião, é tudo muito horrível mesmo. E aí, você tem coragem?